Os Pilares da Fé

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Os Pilares da Fé para os muçulmanos são:

– Fé em Deus Único;

– Fé nos Anjos;

– Fé nos Livros Sagrados;

– Fé nos Profetas;

– Fé na Predestinação;

– Fé na Ressurreição e no Juízo Final.

Abaixo, você vai conhecer um pouco de cada um destes Pilares. Para um aprofundamento, sugerimos que você procure textos e livros na nossa Seção “Biblioteca” ou envie suas perguntas para o programa “O Sheikh Responde”.

A Crença Islâmica

A crença islâmica é clara, simples, indo ao encontro da Fitra (significa o conhecimento e o estado que é inato ao ser humano); é uma crença intermediária entre o exagero daqueles que acabam criando outras divindades que os aproximem de Deus e aqueles que negam a existência de Deus; é uma crença que não aceita acréscimos e nem que se retire algo dela; ela não aceita ser imposta, devendo ser fruto de análise e da observação, daí Deus em várias passagens do Alcorão se dirigir às pessoas dizendo: “Acaso não raciocinam.” “Acaso não meditam.” A crença no Islam se resume em seis pilares que se complementam, o que significa que aquele que nega um desses pilares não é muçulmano.

1º – Fé em Deus Único (Tauhid) (a unicidade de Deus)

A crença no tauhid é a coluna mestre da Fé islâmica. Ela se divide em três partes, a primeira é o tauhid ar-rububia (unicidade do Criador) que significa acreditar que Deus criou, mantém e é o Senhor de tudo e de todos; a segunda é o tauhid al-Uluhia (unicidade da divindade), que expressa que Deus é o Único a quem devemos adorar e a quem devemos dirigir nossas súplicas, sem que haja intermediários entre os homens e Ele; e a terceira é o tauhid al-Asmá ua Sifát (unicidade dos nomes e atributos de Deus), que quer dizer que a Deus pertencem todos os nomes e atributos da perfeição, por isso devemos nos submeter totalmente a Ele. Diz Deus, o Altíssimo:


“Dize: Ele é Deus, o Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E nada é comparável a Ele!” (Alcorão 112)

Esta crença representa a carta de alforria do homem em relação a toda a sorte de humilhação, pois ele entende que a única superioridade que existe é a Deus e que consequentemente todas as criaturas são iguais, por isso ele não deixará humilhar por ninguém e não abaixará a cabeça para ninguém, exceto para o Criador.

a)Tauhid Rububiia – A crença na soberania divina. Crer que Deus é o Criador, o Sustentador e o Soberano de tudo o que se refere à criação, bem como o Único que decide seu destino.

b) Tauhid Uluhiia – A crença na divindade de Deus; ou seja, crer que Deus é o Único a ser adorado, e tudo o que se adora além d’Ele, é falso.

c) Tauhid Assifat – A crença nos nomes e atributos de Deus, e que eles são completos e perfeitos, e tais nomes devem ser corroborados pelo Alcorão, ou pelas tradições do profeta Muhammad ﷺ (que a paz e as bençãos de Deus estejam com ele).

2º – Fé nos Anjos 

Sendo Deus invisível à percepção física, era necessário haver algum meio de contato entre o homem e Ele; do contrário, não seria possível seguir a vontade divina. Deus é o Criador, não apenas dos nossos corpos, mas de todas as nossas faculdades, que são diversas, e cada um capaz de uma certa evolução. Foi Ele quem muniu de intuição, de consciência moral, e com meios de que nos valemos para nos orientar pelo caminho reto. O mais alto nível de contato, o meio mais seguro e infalível de comunicação entre o homem e o seu Criador é chamado, pelo Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), de ”Wahi”. O verdadeiro Muçulmano crê nos Anjos de Deus, estes são seres esplêndidos e puramente espirituais, cuja natureza não necessita de alimento, bebida ou sono. Eles passam o dia e a noite ao serviço de Deus, são numerosos, e cada um deles tem o seu cargo e um certo dever, se nós não podemos ver os Anjos a olho nu, isso não nega a existência e a realidade deles. A crença nos Anjos deriva do principio Islâmico que diz que ”o conhecimento e a verdade não se limitam só ao conhecimento sensorial ou à percepção sensorial.” 

De acordo com o Alcorão, o mensageiro celestial que trouxe as revelações para o Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi o Anjo Gabriel (Jibril). O Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), proibiu os muçulmanos de adorarem os anjos ou associá-los com Deus na Sua divindade, e ao mesmo tempo nos informou que eles são considerados como criaturas de Deus.  

3º – Fé nos Livros Sagrados 

Deus revelou os Livros aos seus Profetas antes de Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e estes Livros foram enviados para a Terra do mesmo modo que Ele enviou o Alcorão à Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Fomos informados dos nomes de alguns destes Livros, pôr exemplo, Livros de Abraão, o Tora de Moisés, Salmos de Davi e o Evangelho de Jesus (que a Paz esteja com eles). Não fomos informados dos nomes dos Livros que foram revelados a outros Profetas, assim, olhando para outros Livros religiosos existentes, não estamos em posição de dizer, corretamente se eles são os que foram revelados ou não. Mas acreditamos, tacitamente, que todos os Livros que foram enviados para a Terra por Deus são todos verdadeiros. Dos Livros que acabamos de falar, desapareceram os Livros de Abraão e não há vestígios deles na literatura mundial existente, os Salmos de Davi, o Tora e o Evangelho, encontram-se com os judeus e os Cristãos.

Acreditamos nos livros revelados previamente, só no sentido de admitir que antes do Alcorão, Deus enviou outros Livros através de seus Profetas, que eram todos de um só Deus, do mesmo Deus que enviou o Alcorão o qual, como Livro Divino, não é um acontecimento novo nem estranho, mas só confirma, restabelece e completa as instruções de Deus. O Alcorão é o último dos Livros Divinos enviado por Deus a toda a humanidade, e existe algumas diferenças pertinentes entre o Alcorão e os Livros anteriores. A fórmula do credo enunciado pelo Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), fala desses Livros, não se referindo tão somente ao livro, o que significaria o Alcorão. Esta tolerância é característica nos seus ensinamentos. O Alcorão alude a ela em vários trechos. Pôr exemplos: 


“O Mensageiro crê no que foi revelado pôr seu Senhor e todos os fiéis creem em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção alguma entre Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno!” (Alcorão 2:285) 

O Alcorão cita os nomes e reconhece os Livros de Abraão, Moisés, Davi e Jesus (que a Paz  esteja com eles), como os Livros revelados por Deus. Seja como for; eis um dogma para os muçulmanos crerem não só no Alcorão, mas também nas coletâneas originais de revelações Divinas da época pré-islâmica. O Alcorão é a palavra de Deus, revelada a Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), desde a Surata da abertura até a Surata dos Humanos, constituindo o derradeiro dos Livros revelados à humanidade por Deus. 


“Ó humanos, já vos chegou uma prova convincente de vosso Senhor e vos enviamos uma translúcida Luz.” (Alcorão 4:174)


“Recorda-lhes o dia em que faremos surgir uma testemunha de cada povo para testemunhar contra os seus, e te apresentaremos pôr testemunha contra os teus. Temos-te revelado, pois, o Livro que é uma explanação de tudo, é guia, misericórdia e auspício para os muçulmanos.” (Alcorão 16:89) 


“Já vos chegou de Deus uma Luz e um Livro Lúcido.” (Alcorão 5:15) 

4º – Fé nos Profetas e Mensageiros de Deus

Ele acredita em todos os Profetas de Deus sem distinção alguma entre eles, tais Mensageiros eram notáveis propagadores do bem e exemplos a serem seguidos. Cada um deles foi escolhido por Deus para ensinar e transmitir à humanidade a Sua Mensagem. Eles foram enviados em várias épocas da história, em certas alturas, Deus enviou ao mesmo tempo dois Mensageiros ou mais, o Sagrado Alcorão menciona 25 nomes de tais mensageiros, Adão, Enoc, Noé, Heber, Saleh, Abraão, Ismael, Lot, Isaac, Jacó, José, Jó, Jetro, Aarão, Moisés, Josue, Elias, Eliseo, Daví, Salomão, Jonas, Zacarias, João o Batista, Jesus o Messias, e o selo dos profetas o último dos Mensageiros enviado por Deus a humanidade o Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre eles) todos os muçulmanos acreditam em todos eles e aceita-os como Mensageiros e Profetas de Deus. 

Estes eram conhecidos, como Mensageiros nacionais ou locais, com exceção de Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que foi enviado para toda a humanidade. Os Mensageiros encarregados de guiar a humanidade pelo bom caminho de Deus, sem nenhuma exceção, eram mortais, seres humanos, dotados para receber a revelações divinas e escolhidos por Deus para levarem a cabo certas tarefas. Entre eles, Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), aparece como o último Mensageiro e glória suprema de todos os Profetas. Está não é uma atitude arbitrária, nem meramente uma crença de conveniência, tal como todas as outras crenças Islâmicas, é uma verdade autêntica e lógica.  Alguns dos grandes Mensageiros são citados nos seguintes versículos do Alcorão: 


“Dize: Cremos em Deus, no nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas pôr seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele.” (Alcorão 2:136) 


“Inspiramos-te, assim como inspiramos Noé e os profetas que o sucederam; assim, também, inspiramos Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos, Jesus, Jó, Jonas, Aarão, Salomão, e concedemos os Salmos a Davi. E enviamos alguns Mensageiros, que te mencionamos, e outros, que não te mencionamos; e Deus falou a Moisés diretamente. Foram Mensageiros alvissareiros e admoestadores, para que os humanos não tivessem argumento algum ante Deus, depois do envio deles, pois Deus é Poderoso Prudentíssimo.” (Alcorão 4:165)

5º – Fé na Predestinação 

Deus é Soberano em Sua criação, age de acordo com Sua Sapiência e Vontade, todo ato que procede de Deus, procede de acordo com a Sua Vontade Suprema e leis infalíveis que regem a existência.  


“Deus sabe o que concebe cada fêmea, bem como o que absorvem suas entranhas e o que nelas aumenta, porque tudo emana d`Ele mesuradamente.” (Alcorão 13:8) 

E Deus, Altíssimo, não tem dever em relação a ninguém e não age em privilégio de quem quer que seja: 


“Dize: Ó Deus Soberano do Poder! Tu que concedes a soberania a quem Te apraz e retiras de quem desejas; concedes o poder a quem queres e humilhas a quem quiseres. Em Tuas mãos está todo o bem. Tu és Onipotente.” (Alcorão 3:26) 

Ou seja, Deus ordenou a Seu Mensageiro ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que somente Ele é o Dono da Soberania, concede-a a quem Ele quiser e priva dela quem Ele quiser. Todas as coisas estão em Suas mãos e Ele distribui Suas graças da forma que Ele quiser, a quem Ele quiser, sem restrição ou supervisão de alguém, pois tudo Lhe pertence e ninguém compartilha nada com Ele é o Agente Autônomo: 


“Teu Senhor cria e escolhe da maneira que Lhe apraz, ao passo que eles não têm faculdade de escolha. Glorificado seja Deus de quanto Lhe atribuem!” (Alcorão 28:68 ) 

Ele age em Sua criação como bem entende, de acordo com a Sua Ilimitada Sabedoria e Misericórdia. Se algum mal atingir o ser humano, só Deus pode removê-lo, e se Deus decidir conceder-lhe um benefício, ninguém poderá impedi-lo. 


“E se Deus te infligir algum mal, ninguém, além d`Ele poderá remove-lo; e se Ele te agraciar com algo, ninguém poderá repelir Sua graça a qual concede a quem Lhe apraz dentre Seus servos, Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo.” (Alcorão 10:107) 

A Soberania nos céus e na terra pertencem a Deus, e tudo o que o ser humano manifesta em atos ou palavras ou oculta de intenções ou propósitos, Deus o julgará pôr tudo; o bem pelo bem, e o mal pelo mal, e perdoa a quem Lhe apraz, e Deus esclareceu a quem Ele perdoa. 


“Sou Indulgentíssimo para com o crente, arrependido, que prática o bem e caminha pela Senda reta.” (Alcorão 20:82) 

Este versículo deixa claro que Deus perdoa a quem se arrepende sinceramente de seus erros e renova a sua fé em seu criador, em seguida prática as boas ações para apagar as más, e atinge o grau de convicção com o qual sossega o seu coração. Da mesma forma, o Seu castigo é destinado aos desobedientes que o merecem, de acordo com a Sua justiça em retribuir a cada um conforme a sua ação. A crença no que foi exposto acima é imprescindível e faz a parte da própria crença em Deus, e disso deriva a crença na predestinação.  


Conceito De Predestinação: 

O conceito de predestinação é mencionado muitas vezes no Alcorão, em todos contextos, designa a lei imutável que rege os fenômenos do Universo. Tudo ocorre de acordo com as leis preestabelecidas pelo Criador, seja no cosmos como um todo, ou entre os seres humanos em particular. 

“E não existe coisa alguma cujas origens não estejam em Nosso poder, e não o enviamos, senão proporcionalmente.” (Alcorão 15:49) 

An Nawawi, assim define este conceito: “Deus, Altíssimo, predestinou todas as coisas, e sabe, antecipadamente, que os acontecimentos ocorreriam em determinados momentos e de determinadas formas. Tudo acontece de acordo com o que Ele determinou.”
 

Artigo De Fé: 

Em tradições autênticas, o Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), afirma que a fé na predestinação é parte fundamental da crença Islâmica, sendo que seu significado é que Deus criou leis e fenômenos para reger o Universo, e as coisas acontecem de acordo com estas leis e estes fenômenos. 


“Um sinal para eles é a terra árida; revivemo-la e produzimos nela o grão com que se alimentam. nela produzimos pomares de tamareiras e videiras, em que brotam mananciais, para que se alimentem de seus frutos, coisa que suas mãos não poderiam fazer. Não agradeceram? Glorificado seja Quem criou pares de todas as espécies, tanto naquilo que a terra produz, e deles mesmos (os seres humanos), e ainda mais de coisas que eles ignoram. E também é sinal para eles a noite, da qual retiramos o dia, e hei-los mergulhados nas trevas! E o sol, que segue o seu curso até um período predeterminado. Tal é o decreto do Onisciente, Poderosíssimo. E a lua, cujo curso, assinalamos em fases até que se apresente como um ramo seco de tamareira. Não é dado ao sol alcançar a lua, nem a noite ultrapassar o dia; cada qual gira em sua órbita.” (Alcorão 36:33-40) 

O conceito de predestinação não leva em si a conotação de que o homem não é responsável por seus atos; muitas pessoas podem pensar que o conceito de predestinação leva em si a conotação de que Deus obrigou suas criaturas a se submeter as Suas decisões e não lhes deu margem de escolha. E a verdade nada tem a ver com isso, o que o conceito de predestinação nos diz é que Deus conhece antecipadamente a obra de seu servo, e que a mesma ocorre de acordo com Suas leis. 


A Razão da Crença na Predestinação: 

A crença na predestinação liberta as potencialidades do ser humano em descobrir as leis que regem o universo e usa-las em seu serviço, e na colocação dos tesouros da terra a seu benefício. Com isso a fé na predestinação é uma força propulsora na direção do trabalho positivo, e ao mesmo tempo, é uma crença que mantém o ser humano em contato como seu Criador. 

A crença na predestinação ensina ao homem que tudo que ocorre no Universo, acontece de acordo com leis sábias; se algum mal o atingir, não deve se desesperar, e se for bem sucedido, ele não deve se orgulhar. Quando o ser humano se livra do desespero, na hora do fracasso e do orgulho na hora do sucesso, ele se torna um ser completo, equilibrado, e atinge o mais alto nível de elevação e virtude. E  esse é o significado do seguinte versículo do Alcorão: 


“Não assolará desgraça alguma, quer seja à terra, quer seja a vossas pessoas, que não esteja registrada no Livro, antes mesmo de a tornarmos realidade. Isso é fácil a Deus. Para que não desespereis pelo que deixas de conseguir e não se orgulhais pelo que Deus vos agraciou, e Deus não aprecia arrogante e jactancioso algum.” (Alcorão 57:22-23) 

O conceito de predestinação não deve ser motivo para se justificar a preguiça e a prática dos pecados, ou motivo para se dizer que Deus privou o ser humano da liberdade e não lhe deu margem de escolha. 

6º – Fé na Ressurreição e no Juízo Final 

A Ressurreição 

A ressurreição é a revivificação do ser humano após a sua morte.Uma das crenças que os cépticos e ímpios negam é a ressurreição, eles juntamente com quem os seguem, basearam-se, para isso, entre outros motivos, em dois pontos principais: 

1º- A suspeita e a conjectura, os cépticos dizem que o ser humano nasceu naturalmente, ou que a natureza e o tempo os criaram. Que o tempo o aniquilará e não há objetivo pôr trás de sua existência, nem de sua morte, e pôr isso não será ressuscitado. O Alcorão diz a respeito dessa opinião: 


“E dizem! Não há vida, além da terrena. Vivemos e morremos, e não nos aniquilará senão o tempo! Porém, com respeito a isso, carecem de conhecimento e não fazem mais do que conjecturar.” (Alcorão 45:24) 

Essa opinião não se baseia em provas, mas é o resultado de conjecturas, provamos nos capítulos anteriores que, quem criou, modelou e harmonizou o Universo não foi outro, senão Deus, Louvado Seja. E Ele não criou em vão, nem relegou o homem a ineficácia. Se o homem tem uma missão que deve cumprir nesta vida, é indispensável que tenha um objetivo, que deve alcançar na outra vida, este objetivo, na outra vida, só pode ser alcançado através da ressurreição. O Alcorão diz sobre isto: 


“Não criamos os céus e terra e tudo quanto existe entre ambos por mero passatempo. E se quiséssemos diversão, tê-la-íamos encontrado entre as coisas próximas de Nós, se fizéssemos tal coisa.” (Alcorão 21:16-17)


“Pensa, acaso, o homem, que será deixado ao léu? Não foi a sua origem uma gota de esperma ejaculada, que logo se converteu em algo que se agarra, do qual Deus criou, aperfeiçoando-lhe as formas, do qual fez dois sexos, o masculino e o feminino? Porventura, Ele não será capaz de ressuscitar os mortos?” (Alcorão 75: 36:40)

2º- Os idólatras não podiam imaginar que o corpo do homem, ao se decompor, após a morte, tornando-se pó fosse ter vida novamente. Ibn Al Kassir narra: 

“Umiah Bin Khalaf apresentou-se ao Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), levando na mão um osso decomposto que ele fragmentava e soltava ao vento e dizia: Alegas, ó Muhammad ﷺ, que Deus ressuscitará isso? Muhammad ﷺ respondeu-lhe: Sim ! Deus far-te-á morrer, então te ressuscitará, então te encurralará no inferno.” 

Apesar de a ressurreição ser o campo do incognoscível, Deus forneceu provas em muitas ocasiões, de que a ressurreição dos mortos é uma realidade, que deve ser aceita por todos, tais provas giram em torno do seguinte: 

1º- O homem foi criado a primeira vez da terra, e Aquele que o criou a primeira vez, pode ressuscitá-lo novamente, mesmo que o corpo se deteriore e se torne terra novamente. Diz Deus no Alcorão: 


“E nos propõe comparações e esquecem a sua própria criação, dizendo: Quem poderá recompor os ossos quando já estiverem decompostos? Dize: Recompô-los-á Quem os criou a primeira vez, porque é Conhecedor de todas as criações.” (Alcorão 36:78 -79)


“Estes possuem a orientação de seu Senhor e serão os bem aventurados. Quanto aos incrédulos, tanto se lhes dá que os admoestes ou não os admoestes; não crerão. Deus selou seus corações e seus ouvidos; seus olhos estão velados e sofrerão um severo castigo.” (Alcorão 2:5-7)

2º- O homem, sem dúvida foi criado, está patente que quem o criou, do nada, não foi outro senão Deus, Louvado Seja. Portanto, se Deus o criou a primeira vez, Ele é o Único que tem poder em ressuscita-lo após a sua morte terrena. Diz Deus no Alcorão: 


“O homem diz: Que! Porventura, depois de morto serei ressuscitado? Pôr que não recorda o homem que o criamos quando nada era?” (Alcorão 19:66-67)

3º- Os sinais da Onipotência de Deus, que vemos na terra plana, nas montanhas, na alternação do dia e da noite, na água que desce do céu, na germinação das plantas, tudo isso são sinais patentes de que Deus pode ressuscitar os mortos. Diz Deus no Alcorão: 


“Acaso, não fizemos da terra um leito, e das montanhas estacas? E não vos criamos, acaso, em casais, nem fizemos vosso sono para descanso, nem fizemos a noite como um manto, nem fizemos o dia para ganhardes o sustento? E não construímos pôr cima de vós os sete firmamentos, nem colocamos um esplendoroso lustre, nem enviamos das nuvens copiosa chuva, para produzir, pôr meio dela, o grão e as plantas, e frondosos vergéis? Sabei que o Dia da Discriminação está com prazo determinado. Será o dia em que a trombeta soará e comparecereis em grupos.” (Alcorão 78:6-18) 

4º- Nenhum ser humano pode alegar que criou os céus e a terra, mesmo os idólatras que adoram outras divindades, além de Deus, se lhes perguntarmos quem criou os céus e a terra responderam; que foi Deus! Diz Deus no Alcorão: 


“Quem criou os céus e terra, e quem envia a água do céu, mediante a qual fazemos brotar vicejantes vergéis, cujos similares jamais podereis produzir? Poderá haver outra divindade em parceria com Deus? Qual! Porém, esses que assim afirmam, são seres que se desviam.” (Alcorão 27:60)


“Quantos profetas enviamos aos povos antigos! Porém, não lhes chegou profeta algum sem que o escarnecessem.” (Alcorão 43:6-8) 

Se a criação dos céus e da terra é superior à criação humana, Deus , então, pode ressuscitar os mortos. Diz Deus no Alcorão: 


“Que! Porventura vossa criação é mais difícil ou o é do céu, que Ele erigiu? Elevou sua abóbada e, pôr conseguinte, a ordenou. Escureceu a noite e, consequentemente clareou o dia; e depois disso dilatou a terra, da qual fez brotar a água e os pastos; fixou firmemente as montanhas.” (Alcorão 79:27-32) 

5º- É inconcebível submetermos o poder de Deus ao que alcançamos em ciência. O poder de Deus é ilimitado e não se submete a um determinado método, nem é resultado de um dos códigos da vida. Está acima de tudo isso.

Com que conhecimento podemos fazer de um esperma um ser humano, ou de uma semente uma rosa? Com que ciência podemos fazer um planeta, como a terra, com tudo que possui, girar no espaço, ao redor de si e ao redor do sol, fazendo com corpos maiores do que ela girassem em seu sistema, sem nenhum desvio? Com que método podemos levantar o céu sem colunas aparentes, como o vemos? O poder de Deus está fora da nossa imaginação e de nosso conhecimento. E pôr mais que possamos dar asas a nossa imaginação não conseguimos conceber muitas coisas. Diz Deus no Alcorão: 


“Sua ordem, quando quer algo, é tão somente: Seja! e é. Glorificado seja, pois, Aquele em cujas mãos está o domínio de todas as coisas, e a Quem retornareis.” (Alcorão 36:82-83) 

O dono desse poder não poderia, acaso, ressuscitar os mortos? Sim! Ele é Onipotente! Diz Deus no Alcorão: 


“Vossa criação e ressurreição não são mais que a de um só ser; sabei que Deus é Oniouvinte, Onividente.” (Alcorão 31:28) 

Após essa nova exposição, podemos dizer; a ressurreição é verdadeira e nisso cremos, a outra vida é superior à está vida que vivemos, nela o ser humano colherá os frutos de suas obras nesta vida. Diz Deus no Alcorão: 


“E a trombeta será soada, e hei-los que sairão de seus sepulcros e se apressarão para o seu Senhor.” (Alcorão 3:51)


“E a trombeta será soada; e aqueles que estão nos céus e na terra expiarão, com exceção daqueles a quem Deus queira conservar. Logo será soada pela segunda vez e, hei-los ressuscitados, pasmados.” (Alcorão 39:68)


“Nesse dia deixaremos alguns deles insurgirem-se contra outros e a trombeta será soada. E os congregaremos a todos.” (Alcorão 18:99) 

O Juízo Final: 

Algumas pessoas pensam que suas obras não lhes serão registradas, e que o tempo se encarregará de apaga-las. Nós, porém, temos a convicção de que não há registro tão perfeito quanto o registro de Deus às obras do homem e o seu julgamento, as obras humanas são muitas e variadas. Elas se enquadram no seguinte: 

1- Os atos dos homens. Disse Deus:


“Generosos e anotadores. Que sabem tudo que fazeis.” (Alcorão 82:11-12)

2- Suas palavras. Disse Deus:


“Não pronunciará palavra alguma sem que junto a ele esteja presente uma sentinela que anotará.” (Alcorão 50:18) 

3- Os vestígios que aparecem nos rostos dos homens como riso e alegria, ira e tristeza.

Ibn Zar narra:


“Disse-me o Mensageiro de Deus: Não deprecieis nenhum benefício, mesmo o de encontrardes vossos irmãos com o semblante risonho.” (Tradição narrada por Muslim, “Riadu Assálihin”, pag.131) 

4- Os defeitos das palavras e dos atos das pessoas nas outras se o seguirem. Deus o Altíssimo diz:


“E lembra-lhes a parábola dos moradores da cidade, quando se lhes apresentaram os apóstolos.” (Alcorão 36:13) 

Abu Huraira narra que o Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse: 


“Quem faz apelo para o bem, participará da recompensa daqueles que o seguirem, sem diminuir-lhes as recompensas. Quem convocar para o mal, participará dos castigos daqueles que o seguirem, sem lhes diminuir os castigos em nada.” ( Narrada por Muslim, “Riadu Assálihin”, pag.168) 

Todos esses atos serão registrados, desde a sua maioridade, até a sua morte. Para que nada seja omitido, de palavras ou atos, Deus destinou a cada um anjos que o acompanham por todo tempo, registrando tudo o que faz. Disse Deus no Alcorão: 


“E se lhes perguntas quem os tem criado, certamente dirão: Deus! Como, então, se desencaminham.” (Alcorão 43:87) 


“Este é o Nosso registro o qual depõe contra vós, porque anotávamos tudo quanto fazíeis.” (Alcorão 45:29)

Abu Huraira narra que o Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele),  disse: 


“Alternam-se, em vossa companhia, anjos que vos acompanham durante o dia e a noite. A hora da Oração da Alvorada e da Tarde se reúnem. Aqueles que estiveram convosco ascenderão aos céus, e Deus lhes perguntará: Como deixastes meus servos? Responderão: Deixamo-los orando e os visitamos orando.” ( Riad Assalihim, pag. 621) 

Tudo que os registrarem, de bem ou de mal, é conservado num Livro destinado a cada homem. Nada é omitido. Disse Deus o Altíssimo no Alcorão: 


“Qual! Sabei que o registro dos ignóbeis estará preservado em Sijjin. E o que te fará entender o que é Sijjin? É um registro manuscrito” (Alcorão 83:7-9) 


“Qual! Sabei que o registro dos piedosos está preservado em Il’lilin! E o que te fará entender o que é ll’lilin? É um registro manuscrito.” (Alcorão 83:18-20) 


“O Livro registro será exposto. Verás os pecadores atemorizados por seu conteúdo, e dirão: Ai de nós! Que significa este livro? Não omite nem pequena, nem grande falta, senão que enumera. E encontrarão registrado tudo quanto haviam feito. Teu Senhor não defraudará a ninguém.” (Alcorão 18:49) 

E para que o homem não possa negar o que fez, Deus fará com que seus membros testemunhem contra ele. Diz Deus o Altíssimo no Alcorão: 


“Dia virá em que suas línguas, suas mãos e seus pés testemunharão contra eles pelo que houverem cometido.” (Alcorão 24:24) 

O homem se apresentará para o julgamento com um registro acurado, sem dar possibilidade a que o ser humano negue ou esconda nada. Diz Deus o Altíssimo no Alcorão: 


“Nesse dia sereis apresentados ante Ele, e nenhum de vossos segredos Lhe será ocultado.” (Alcorão 69:18)


“… no Dia da Ressurreição, apresentar-lhe-emos um livro, que encontrará aberto; e lhe diremos: Lê o teu livro! Hoje bastarás tu mesmo para julgar-te.” (Alcorão 17:13-14) 


“Será no dia em que Deus os ressuscitará a todos e os inteirará de quanto tiverem feito. Deus o memoriza, enquanto eles o esquecem, porque Deus é Testemunha de tudo. Não reparas e que Deus conhece tudo quanto existe nos céus e na terra? Não há confidência entre três pessoas, sem que Ele seja a quarta delas; nem entre cinco, sem que Ele seja a sexta; nem que haja menos ou mais do que isso, sem que Ele esteja com elas, onde quer que se achem. Logo, no Dia da Ressurreição, os inteirará de tudo quanto fizerem, porque Deus é Onisciente.” (Alcorão 58:6-7) 

O mensageiro de Deus Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam com ele), disse: 


“A todos vos Deus falará, sem a necessidade de um tradutor. Olhareis para a direita e vereis o que fizestes; olhareis para a esquerda e vereis o que fizestes; olhareis para a frente e vereis o inferno. Temei o inferno, nem que seja com o equivalente ao sulco de um caroço de tâmara. Quem não puder, que o faças com boas palavras.” (Riad Assálihin, pág. 137) 

Para que haja uma acurada justiça no julgamento do homem, vemos que outros expedientes, como a mocidade, a velhice, a riqueza, a pobreza, a sabedoria e a ignorância não serão negligenciados pôr Deus no julgamento do ser humano. O pecado cometido por u moço, por exemplo, é diferente do cometido por um ancião, mesmo que seja o mesmo pecado, porque os estímulos e os incitamentos para a prática do pecado no moço são maiores que no ancião. 

A caridade praticada, por exemplo, pelo pobre com a doação de um moeda, quando ele possui apenas três moedas, tem maior recompensa de que a caridade com dez moedas, praticada por um abastado, que tem cem moedas. Isso porque uma moeda, para o pobre, representa um terço do que ele possui, e as dez para o rico representam um décimo do que ele possui, e quem doa um terço do que possui tem maior recompensa do que aquele que o faz com o décimo que ele possui. 

O pecado cometido pelo sábio, é diferente do mesmo pecado cometido pelo ignorante, há outras coisas além dessas, como a intenção, o objetivo, que Deus conhece. O mensageiro de Deus Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse: 


“Todo servo, no Dia da Ressurreição, será perguntado sobre quatro coisas; sobre como despendeu a sua vida, como consumiu a sua mocidade, sobre a sua fortuna, como a conseguiu e em que gastou; e sobre o seu conhecimento e o que dele fez.” 

O que devemos sempre ter na mente, sem negligenciá-lo um só instante, é que o os julgamentos das pessoas, em tudo nesta vida, não são definitivos, se não forem verdadeiros e justos e de acordo com o que foi enviado com os profetas. Se usarmos de estratagemas, de mentiras e nos apossarmos de algo que não nos pertence, seremos julgados pôr isso e muito mais no Dia da Ressurreição. 

O Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse: 


“Quem se apossar de algo pertencente a um muçulmano, Deus lhe destinará o inferno e lhe vedará o paraíso. Um homem lhe perguntou: Nem que seja algo sem valor? O mensageiro respondeu: Mesmo que seja a mais ínfima das coisas.” (Riad Assálihin, pág. 199) 

Ummu Salma narra que o Profeta Muhammad ﷺ (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse: 


“Sou muçulmano, quando trazeis vossas divergências a mim para eu julga-las, talvez alguns de vós saibam melhor apresentar seu argumento do que outros. Eu julgo de acordo com o que ouço, se eu conceder a alguém algo pertencente a seu irmão pôr direito, estarei lhe fornecendo um pedaço do inferno.” (Riadu Assálihin, pág. 202) 

Diz Deus o Altíssimo no Alcorão: 


“Quem praticar o bem, fá-lo-à e benefício próprio; pôr outra, quem fizer o mal, será em prejuízo seu, porque o teu Senhor não é injusto para com os Seus servos.” (Alcorão 41:46) 


“Os povos de Tamud e de Ad desmentiram a calamidade. Quanto ao povo de Tamud, foi fulminado pôr um furioso e impetuoso furacão, que Deus desencadeou sobre eles durante sete noites e oito nefastos dias, em que poderias ver aqueles homens jazentes como se fossem troncos desmoronados de tamareiras. Porventura, tens visto algum sobrevivente entre eles? E o Faraó, seus antepassados e as cidades nefastas disseminaram o pecado. E desobedeceram ao mensageiro de seu Senhor, pelo que Ele os castigou rudemente. Em verdade, quando as águas transbordaram, levamo-los na arca, para fazermos disso um memorial para vós, e para que o recordasse qualquer mente atenta. Porém, quando for soado um só toque da trombeta, e a terra e as montanhas forem desintegradas e trituradas de um só golpe, nesse dia acontecerá o inevitável evento. E o céu se fenderá, e estará frágil. Então, aquele a quem for entregue seu registro na destra, dirá: Hei-lo aqui! Lede meu registro; sempre soube que prestaria contas! E desfrutará de uma vida prazenteira, e um jardim sublime, cujos frutos estarão ao seu alcance. Comei e bebei com satisfação pelo bem que propiciaste em dias pretéritos! Em troca, aquele que for entregue seu registro na sinistra, dirá: Ai de mim! Oxalá não tivesse sido entregue meu registro; nem jamais conhecido o meu cômputo; oh! Oxalá a minha primeira morte tivesse sido a anulação! De nada me servem meus bens; minha autoridade se desvaneceu…!” (Alcorão 69:4-29)