Por: Sheikh Mohamad Al Bukai
Louvado seja Deus, Senhor do Universo, que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre seu Nobre Profeta ﷺ, sua família, seus companheiros e sobre todos os muçulmanos até o dia do Juízo Final.
Queridos irmãos, a comunidade islâmica na América Latina é considerada a mais fraca das demais em todo o Ocidente comparada com os Estados e a Europa, uma vez que muitos muçulmanos perderam sua identidade islâmica; estes se dissolveram na sociedade de forma completa restando-lhes apenas seu nome de origem, sua história e as suas lembranças.
Mesmo com a quantidade de muçulmanos que vivem em toda a América Latina, a preocupação com essa perda de identidade é preocupante.
Queridos irmãos, o Islam nos ensina que o muçulmano pode conviver com todos os membros da Família (Humanidade) e se encontrar com eles no bem e no amor e, ao mesmo tempo, protegendo a sua personalidade muçulmana. A convivência não significa que a pessoa deve se anular e imitar aos outros; ela significa conhecer ao outro e respeitá-lo. O convívio faz com que o ser humano aumento seu conhecimento cultural a partir do contato com outras pessoas da sociedade e vice-versa, construindo “pontes” entre eles e não uma “parede”.
Certamente, Deus criou povos e tribos, culturas e línguas diferentes, para nos conhecermos uns aos outros. Deus fala no Alcorão Sagrado: “Ó humanos, em verdade, nós vos criamos do homem e da mulher e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é mais temente (…).” (Alcorão Sagrado 49:13)
O Alcorão declarou que os seres humanos formam uma única família oriunda de um mesmo pai e uma mesma mãe. O Alcorão Sagrado nos diz: “Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, dos qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inúmeros homens e mulheres. Temei a Allah, em nome do qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco, porque Allah é vosso observador” (Alcorão Sagrado 4:1)
Meus irmãos, materialmente, a identidade pode ser apenas um documento o qual cada um possui e que traz sempre consigo no bolso, pois este revela informações pessoais e gerais de cada um de nós; uma vez extraviado este documento, o cidadão se sente perdido e preocupado. Imaginemos agora uma pessoa que perde sua identidade intelectual: ele vai perder sua história, suas origens religiosas e, ainda, seu futuro no Dia do Juízo Final.
Infelizmente, nós vemos muitos muçulmanos que abandonam sua religião apenas para agradar aos caprichos de amigos ou os padrões exigidos pela sociedade moderna. Hoje vemos muçulmanos em festas ingerindo bebidas alcoólicas só para ser aceito naquele ambiente ou uma mulher muçulmana que deixa de usar o véu e demais roupas adequadas de acordo com a sua religião para seguir os padrões de beleza impostos por uma sociedade consumista.
Podemos observar também que muitos dos nossos costumes dentro de nossas casas não têm sido praticados de acordo com as regras islâmicas e a justificativa para esse descumprimento religioso é a “desculpa” de que não estamos em um país de Estado Islâmico. Entretanto, essa é uma falsa argumentação pois você nunca foi e nunca será obrigado a abandonar a sua identidade religiosa e muito menos deixar de praticar corretamente a sua religião.
Você não deve jamais se envergonhar de dizer que é muçulmano e recusar uma bebida alcoólica quando esta lhe for oferecida por um amigo em qualquer que seja a situação. Da mesma forma, uma mulher não deve se envergonhar de esclarecer que é muçulmana e que é sua obrigação religiosa fazer o uso do véu publicamente.
Um exemplo notável é a situação das mulheres muçulmanas na França que estão lutando contra o governo pelo direito de uso do véu nas escolas; ao contrário dessa situação, no Brasil, há a plena liberdade religiosa mas, infelizmente, as mulheres muçulmanas que aqui vivem estão abandonando cada vez mais o uso do véu.
Queridos irmãos, falo com sinceridade e tristeza que existem muitos muçulmanos que não sabem valorizar o Islam. Essas pessoas pensam que ao seguir a opinião dos outros (não-muçulmanos) e ao abandonar sua religião eles serão mais respeitados, ou talvez mais “modernos”. Entretanto, a realidade é a situação inversa, ao assumir sua religião a sociedade passa a admirá-lo e respeitá-lo ainda mais.
A convivência é um princípio islâmico maravilhoso de respeito mútuo, mas isso não significa que ao respeitar o outro sua identidade religiosa não deva ser preservada. Suplicamos a Deus, louvado seja, que nos ajude a assumir a nossa responsabilidade na missão de proteger nossa religião hoje e para as gerações futuras.