Mesquita é invadida e tem Alcorão queimado na cidade de Ponta Grossa no Paraná

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Mesquita Imam Ali, de Ponta Grossa
A Mesquita Imam Ali, de Ponta Grossa

Fonte: dcmais.com.br

O crime de intolerância religiosa ocorrido na Mesquita Imam Ali, de Ponta Grossa, ganhou repercussão nacional. A Mesquita foi invadida na madrugada de sexta-feira (26) e um exemplar do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, foi queimado e as paredes do templo foram pichadas e o local vandalizado, a Polícia Civil investiga o caso.

Alcorão foi destruído pelos invasores
Alcorão foi destruído pelos invasores

Não foi a primeira vez que aconteceu ato de vandalismo na Mesquita de Ponta Grossa. Em 2015, foi notícia em jornais do país o fato de que um homem invadiu o templo, danificando mobília e livros considerados sagrados, na época pelo menos duas pessoas estiveram envolvidas no crime.

A Prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt, disse que a cidade deve continuar sendo plural e livre. “Não iremos tolerar crimes de ódio e manifestações de intolerância. A invasão da Mesquita Iman Ali e a profanação do Santo Alcorão são inaceitáveis. Toda nossa solidariedade e apoio à comunidade muçulmana de Ponta Grossa”, destacou.

Mesquita Imam Ali, de Ponta Grossa
Mesquita Imam Ali, de Ponta Grossa

A Diocese de Ponta Grossa também publicou nota em sua rede social, na qual repudia os  acontecimentos e “ao mesmo tempo se solidariza com a comunidade islâmica reforçando a necessidade de respeito para com as diferentes manifestações de fé e de urgente combate à intolerância e à violência”, informou.

“Sempre nos respeitaram muito bem e Ponta Grossa está dentro do nosso coração. Nós somos uma união, irmãos na igreja católica, evangélica e tantas outras. Recebemos nota da Federação Israelita e de outras igrejas também sobre o ocorrido. A religião deve mostrar humildade e amor ao próximo”, destacou Sleiman Zabad, presidente da Mesquita em Ponta Grossa.

Mahdi Ghardashi (à esq) e Sleiman Zabad mostram os estragos deixados após a invasão.
Mahdi Ghardashi (à esq) e Sleiman Zabad mostram os estragos deixados após a invasão.

A Mesquita publicou uma nota de repúdio um dia após o crime e o caso rapidamente gerou manifestações nas redes sociais. O ato de intolerância e desrespeito foi publicado por inúmeros veículos de comunicação. O Farol, monitor de notícias do mundo islâmico, replicou as informações, descrevendo o acontecimento como “um ataque islamofóbico”.

Investigação

O delegado-chefe da 13ª Subdivisão Policial, Nagib Nassif, informou ontem que a Polícia Civil iniciou as investigações. “Foram tomadas todas as medidas iniciais, como a coleta de impressões digitais”, disse. Além da perícia realizada dentro do salão, também foram coletadas impressões digitais no veículo que pertence à mesquita.

Nota de Repúdio do CDIAL

O CDIAL- Centro de Divulgação do Islam Para América Latina, vem por meio desta apresentar sua manifestação de repúdio veemente ao ato de invasão e vandalismo ocorridos na Mesquita Imam Ali na cidade de Ponta Grossa – PR, na madrugada da última sexta-feira (26/11/2021), caracterizando uma prática de intolerância religiosa e islamofobia.

É inadmissível que a Mesquita sendo um templo religioso de Adoração a Deus, seja alvo de invasão, pichações e vandalismo, e a queima do seu livro Sagrado o Alcorão; que é a palavra de Deus revelada ao Profeta Muhammad ﷺ.

Tais episódios preocupantes como esses, que se repete a outro ocorrido no ano de 2015 na mesma Mesquita, não devem ser tolerados, em hipótese alguma podemos menosprezar a extrema gravidade desse abjeto crime. Neste momento esperamos das autoridades policiais e judiciais a apuração rigorosa dos fatos e os culpados que sejam punidos dentro dos ditames da nossa legislação vigente.

É de suma importância ressaltar que a Constituição brasileira, consagra, no artigo 5º, VI, ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. No mesmo sentido, a Declaração Universal do Direitos do Homem, protege, em seu artigo 18, a liberdade de pensamento, consciência e religião e estipula que esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto, em público ou em particular.

O CDIAL acredita que a plena democracia, a liberdade e a construção dos caminhos da equidade se dão com amplo respeito às manifestações religiosas e a diversidade de credos e crenças, a liberdade de culto se constitui em uma parte importante da elevação da democracia, do progresso e liberdade em nosso país. Acima de tudo devemos cultivar sempre o espírito de tolerância as religiões e crenças, seus símbolos, rituais e templos, para que assim possamos ter um convivo fraternal e solidário, permeados pelos valores republicanos de liberdade de culto, de expressão e o princípio ecumênico do respeito ao próximo.

E mais do que o nosso repúdio a este ato bárbaro e repulsivo, estendemos toda a nossa solidariedade a comunidade muçulmana de Ponta Grossa.

Por fim, o CDIAL manifesta sua solidariedade à comunidade islâmica do Paraná e do Brasil.

São Bernardo do Campo

Centro de Divulgação do Islam Para América Latina