Atividade nos 178 Anos do Levante dos Malês na Bahia

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Por: Honerê Al-amin Oadq

Em Salvador – Bahia, existe um grupo político formado por militantes do movimento negro, (em sua maioria jovens e familiares das vitimas do racismo) chamado Quilombo Xis. Suas ações pautam a questão do genocídio da juventude negra e atua diretamente nos presídios baianos (denunciando o sistema que o conduz, ao mesmo tempo que viabiliza ajuda aos detentos e seus familiares).

Já faz alguns anos que essa organização, através de uma de suas lideranças Hamilton Borges Walê, um grande irmão e parceiro nas lutas anti-racistas de nosso país, concretiza junto com o Sheik Abdul Hameed do Centro Cultural Islâmico da Bahia, recém homenageado pela câmara dos vereadores de Salvador, onde recebe o titulo merecido de cidadão Soteropolitano por suas expressivas contribuições ao povo baiano, uma parceria para realização de um grande evento no Centro histórico da Bahia, na sede do CEPAIA – Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos sobre o titulo: “O Reconhecimento da Comunidade Malê no século XIX”

Com a presença da Vice Prefeita de Salvador, Célia Sacramento (PV), dos vereadores Luis Carlos Suica (PT) e Silvio Humberto (PSB), e uma gama de militantes de diversas organizações soteropolitanas, a comunidade muçulmana pode expressar seus pontos de vista no que se refere ao levante dos malês, história que marca um período impar na luta pela liberdade, contra a escravidão e a imposição religiosa de uma forma diferenciada, trazida no inicio do século XIX por africanos muçulmanos que foram escravizados e que conduziram as principais revoltas na Bahia nesse período.

Além do resgate histórico, desde os impérios africanos e os conflitos estabelecidos, a passar pelo trafico atlântico, as primeiras revoltas, costumes e valores malês, conjuntura política baiana, chegando ao relato da revolta de 25 de janeiro de 1835, foi pautado pela comunidade a necessidade de resgatar essa história através de um Centro Cultural Malê que desse conta de resgatar uma das tantas mesquitas existentes na Bahia no século XIX, além de montar nesse mesmo espaço, um museu temático que inclua visitas nos locais onde o levante aconteceu com objetivo de resguardar essa história que, como o próprio pesquisador João José Reis, um dos maiores pesquisadores sobre o tema na atualidade, afirmou: “não ter ouvido nada sobre os malês, durante toda sua passagem no ensino fundamental e médio” demonstrando o grande risco de perder na história esse importante momento de luta e resistência africana-muçulmana em nosso país.

Além disso, ouve outra pauta apresentada correspondente à construção de um cemitério islâmico. Os muçulmanos Soteropolitanos, pedem as autoridades publicas “o direito de enterrar nossos mortos conforme tradição islâmica”, a pedir cooperação na viabilidade dessa demanda. O Quilombo Xis junto com o Centro Cultural islâmico da Bahia já vinha trazendo essa discussão na administração publica passada, e espera dessa nova gestão a possibilidade de continuar esse dialogo rumo a esse objetivo. O Centro de Divulgação do Islam Para América Latina, através do comprometimento de seu vice presidente, Ziad Ahmad Saifi, estará intermediando um dialogo junto ao Cemitério islâmico de Guarulhos para obter as condições técnicas e burocráticas para viabilizar sua construção seguindo os parâmetros determinados pelas leis brasileiras.

confira as fotos da participação:

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